As raízes nazistas da causa palestina
25/11/2012 20:47
Palavras-chave:
palestina | nazismo | Colóquio | Colóquio com Alessandro Barreta Garcia | Alessandro | Alessandro Barreta | Alessandro Garcia | alessandro
domingo, 25 de novembro de 2012
O expediente mais comum utilizado para criticar ações israelenses contra seus inimigos, notadamente os grupos terroristas palestinos, é efetuar comparações entre judeus e nazistas de todas as maneiras possíveis: quando alguma ação militar é executada contra o Hamas, centenas de vozes se erguem para denunciar o “Holocausto palestino” perpetuado pelo “Estado sionista” (ou sionazista, em alguns casos), acusam o Estado de Israel de limpeza étnica, de supremacismo judaico, de apartheid, dentre outras coisas. Os tradicionais meios de comunicação de massa – canais televisivos, jornais de grande circulação – e os não tão tradicionais – como os blogueiros estatólatras de plantão – utilizam ad nauseam esse expediente, seja de modo explícito ou sub-reptício. Abundam cenas e relatos de destruição, dor, sofrimento e tristeza na Faixa de Gaza como se se tratasse, de fato, de uma limpeza étnica, enquanto se ignora solenissimamente os milhares foguetes palestinos que chovem sobre as cidades israelenses – provocando destruição, dor, sofrimento, tristeza e, acima de tudo, terror.
Vladimir Ilitch Ulianov, mais conhecido como Lênin, possuía uma máxima interessante: “acuse o seu inimigo daquilo que você é”. Os grupos terroristas palestinos – que dominam tanto a propaganda quanto as modernas técnicas terroristas – seguem esse conselho há décadas, e não é à toa: as origens da “resistência” palestina à “ocupação” judaica no Oriente Médio é algo que tem origem em uma convenientemente ignorada aliança entre o Nacional-Socialismo e a causa palestina.
A raiz dos grupos terroristas palestinos – OLP, FPLP, Fatah, Hamas – e de sua ideologia pode ser atribuída a um homem: Hajj Amin al-Husseini. O pai de Hajj, Muhammad Tahir al-Husseini, foi Qadi (chefe do Supremo Conselho Islâmico) em Jerusalém e primeiro Grão Mufti da cidade. Nomeado ao posto pelas autoridades otomanas na década de 1860, Tahir al-Husseini incitou a perseguição contra imigrantes judeus, chegando a conseguir a aprovação de uma lei que proibia a aquisição de terras por parte de judeus em Jerusalém e áreas circunvizinhas. Em 1908, quando Muhammad Tahir al-Husseini morreu, o posto de Grão Mufti de Jerusalém foi ocupado por seu filho mais velho, Kamil al-Husseini.
A postura de Kamil foi bastante diferente daquela adotada por seu pai: buscou uma política mais apaziguadora do que Muhammad Tahir com relação aos judeus e, quando o Império Otomano ingressou na Primeira Guerra, demonstrou simpatia e abertura aos britânicos. Com a derrota dos turcos, em 1918, diversos territórios do Império Otomano foram divididos entre França, Inglaterra e Rússia, estabelecendo-se o Mandato Britânico da Palestina por volta de 1920. Nessa mesma época, Hajj al-Husseini organizou um levante armado contra os judeus que já habitavam a região da Palestina, o que levou a muitas mortes e à destruição de diversas propriedades de imigrantes judeus. O pretexto para esse levante foi o apoio dado pelas autoridades britânicas à Declaração de Balfour (1917), que pedia a criação de um Estado judeu na região da Palestina.
No ano de 1921, com a morte de Kamil, Hajj assumiu o posto de Grão Mufti de Jerusalém e de líder do Supremo Conselho Islâmico. Adotando uma postura completamente diferente da do irmão, Hajj al-Husseini não apenas ressuscitou a agressiva política anti-semita de seu pai, Muhammad Tahir, como foi além e recrudesceu-a: viajou por todos os países árabes da região com vistas a formar uma grande liga anti-judaica. Seu objetivo não era garantir que houvesse Palestina para os palestinos, mas era a perseguição aos judeus que garantisse ou sua expulsão, ou seu extermínio.
O clima anti-judaico alimentado diuturnamente por Hajj al-Husseini era um fator de grande instabilidade na região, o que provocava confrontos diários entre judeus e árabes palestinos. Em 23 de agosto de 1928, uma sexta-feira, três árabes foram mortos no bairro judeu de Mea Shearim, em Jerusalém; durante o sermão na Mesquita de Al-Aqsa, o Grão Mufti conclamou todos os fiéis islâmicos a atacar os judeus de Mea Shearim. Após as preces na mesquita, uma grande multidão afluiu para o bairro judeu e atacou seus habitantes, que não foram pegos de surpresa. O saldo foi de 249 mortos (116 árabes, 133 judeus) e aproximadamente 600 feridos, judeus em sua maioria. Um ano depois, dois outros atos bárbaros contra os judeus na Palestina tiveram lugar na região: o primeiro foi em 24 de agosto na cidade de Hebron, onde 67 judeus foram assassinados e centenas ficaram feridos – muitos deles mutilados; o segundo foi em Safed, onde 18 judeus foram mortos e 80 ficaram feridos. Esses pogroms foram convocados pelo próprio Grão Mufti de Jerusalém, que vinha sustentando que os sionistas estavam tentando tomar de assalto a Mesquita de Al-Aqsa. Não havia qualquer complô do tipo.
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Ao longo da década de 1930, a perseguição promovida pelo Grão Mufti de Jerusalém contra os habitantes judeus da região da Palestina alçou um nível internacional jamais visto até então. Entre os dias 7 e 17 de dezembro de 1931, Hajj al-Husseini promoveu em Jerusalém o Congresso Islâmico Mundial, que reuniu 130 delegados de 22 países. O congresso foi uma grande demonstração anti-judaica, com diversas declarações conclamando pela perseguição aos judeus e o boicote a suas empresas em todo o mundo. Também por essa época, o Grão Mufti apoiou entusiasticamente o primeiro grupo terrorista palestino, o Al-Kaff Al-Aswad (“Mão Negra”), fundado pelo clérigo sírio Izz ad-Din al-Qassam – que dá nome às Brigadas al-Qassam, o braço militar do Hamas.
Zeloso por difundir e amplificar cada vez mais seu espírito anti-judaico, Hajj al-Husseini mantinha contato com diversos governos, inclusive na Europa. E foi um governante em particular que, em 1933, atraiu a mais ampla e sincera simpatia do Grão Mufti de Jerusalém: o recém-eleito chanceler alemão Adolf Hitler. Em 31 de março de 1933, Hajj al-Husseini enviou um telegrama oficial ao gabinete de Hitler informando que os muçulmanos na Palestina e ao redor do mundo viam com entusiasmo sua ascensão à chancelaria alemã. A partir desse ano, as relações entre a autoridade islâmica de Jerusalém e o governo nazista só foram aumentado e se fortalecendo. O Grão Mufti se tornou voluntariamente uma espécie de garoto-propaganda do regime nazista no Oriente Médio, sobretudo junto às autoridades e grupos islâmicos da região – em especial a Irmandade Muçulmana, que hoje governa o Egito. Com a fundação do Comitê Pan-Árabe de Bagdá, em 1934, o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, de Hitler, montou um escritório oficial na Palestina, onde passou a trabalhar em estreita cooperação com as autoridades islâmicas do Oriente Médio.
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